Não somos mais crianças.

Já não somos mais crianças e inocência não nos acompanha.

Em algum momento da vida, quem já não escreveu um ou outro poema?

Eu também não escapo à regra. Essa escrita ajuda-nos a crescer.

A arrumar galopes e vendavais que nos vão no peito, a conviver com sentimentos desavindos.

sábado, julho 16, 2011

Partida


Partirei
E, meus rastros
Serão como luz de vela
Ou pegadas na areia
Que ao ser beijada pelo vento,
Não será mais que ausência e solidão.

Rendo-me,
Farto que estou
De engolir este pó,
Que se levanta da estrada
Nestes meus tétricos 24(hoje 58) anos
E, alimenta esta minha absurda emoção

Larguem das cebolas
Enxuguem essas lágrimas
Quando eu tiver partido
As horas terão sido
- exterminadas
- passadas.

Partirei
Como quem nunca veio
Como quem nunca amou o foi amado
... Nunca houvesse sido presente
... Nem o presente passado
... Nem o futuro; mera ilusão!

Menor abandonada



Hoje vi uma menina
Menina pequena
De tez morena e,
Cabelos carapinha.
Arrastava pela mão
Um ainda menorzinho irmão.
Menina de compleição miúda,
Jeito tímido e de olhar triste
A corroer a alma
De quem a vê.
Menina meiga
E, frágil aparentemente.
- Ledo engano; menina valente!
Surpreso, eu vi,
A pequena-menina-pequena
De dedo em riste, unhas e dentes
Lutar contra a fome
A defender seu irmão e o pão.
Vi,
O que pouca gente
Naquela confusão viu:
Uma menina abandonada
Pelo pai que deve se achar “homem” e,
Largada pela vagabunda que a pariu,
Vivendo a vida que não escolheu

Reencontro



No princípio do amar; eu era o verbo
Meu verbo provou seu amor até na carne
Nossa carne gerou outra carne; nosso amor!
Este amor cresceu sem ter meu verbo ou amor.
No amor náufrago, meu verbo emudeceu
Minha carne sem esse amor envelheceu
Conjugando o verbo de tempo perdido:
Amar sem poder ser amado.
Dias de noites sombrias renegadas
Faça-me a luz! E a luz se me fez!
Entre pedras de concreto;
De prédios e breve concerto;
Céu e Terra se encontram outra vez
Meu verbo se refaz, renasce meu amor
Minha carne estremece, mas, se comporta
Já não é o principio; se conforma.
Os anos se foram como séculos
Os males são vales em ossos, pó!
Não há quem nos julgue juiz e nem réu
A sentença do passado cumpriu seu papel.
Gênesis ou apocalipse? Princípio ou fim?
Nenhum, nem outro!
Não é o princípio do verbo
Nem o apocalipse do amor.
A carne amadureceu, mas, não morreu;
O verbo silenciou, mas, não se calou.
O futuro do presente não chegou
E, a luz do horizonte não apagou!

sexta-feira, julho 15, 2011

Navegar é preciso


Meus horizontes eram largos ao te conhecer,
Teus caminhos eram a minha rota a seguir
Mas, minha direção perdeu-se, ao te perder
Andei por trilhas de descaminhos sem porvir.

Meus sonhos eram metas para realizações
Meu ânimo era a tua doce presença
O mal acaso sei lá; apartou nossos corações
E, a bússola sem norte perdeu minha crença

No mar em tormenta as ondas vão e vem
Eu barco sem velas, naveguei ao gosto das marés.
Sem parte, nem porto onde aportar no além
Condenado a viajar nesta nefanda galé

Hoje, após as tempestades dos mares revoltos
Não há horizonte que eu não tenha pisado
Não há no futuro o que já não seja passado
Não há segredos nos caminhos nebulosos

Sou o mesmo marujo sonhador de ontem
Agora de mão calejada pelos remos e remada.
Os mares bravios, agora prá mim já são calmos
E tu és ainda a mesma: a minha amada!

Navegar é preciso
Viver também é preciso
Relembrar não é preciso
Seguir te amando; eu preciso!

sábado, julho 02, 2011

APELO

Um grito calado
A um coração surdo

Pela saudade ti
Pela saudade de mim... de nós
Porque te amo e
Não importa o quanto...

Pela incoerência
Do aceite da decisão.
Porque te quero...
... Porque me queres

Por tudo o que sentimos.
Por tudo o que fizemos e podemos fazer
Pelo o que o que somos agora;
O avesso do que fomos.

Por todos os detalhes que
Não são fáceis de esquecer
Por ti,
Por mim,
Por nós...

... Volte, fique e me ame!